quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Hoje eu sofro pelo filho do meu vizinho

Dentre muitas das coisas boas que um filho nos traz, posso citar algumas que mais me atraem:  capacidade de raciocínio, seja ele rápido ou não,  capacidade de fazer com que a gente pense antes de agir, pense antes de dar exemplo.

Quando Luísa nasceu, eu resolvi parar de falar palavrão (adoro!). Por respeito à ela, por ela ser menina e por ter na cabeça que uma mãe bonita, fina, inteligente e educada, que quer dar uma educação bonita também para a cria, não pode falar palavrão.
Enfim, consegui! Não tenho tanta certeza de ser bonita, fina e inteligente, mas educada, eu aposto que sim.
Meu marido e eu nunca discutimos em voz alta. Repito NUNCA! Ele é tranquilão, quase um monge negro (hahaha) e eu falo baixo e sou calmíssima. Ou seja, falamos baixo. Discutimos sim, discordamos em vários pontos sim, faço birra sim, faço mãnha também, sou insuportável bastante, odeio o fato dele deixar a camiseta pendurada na cadeira da sala de jantar, a tampa do vaso levantada e fazer pum alto (arght! como odeio isso!), mas sempre nos respeitamos e, se temos algo a ser discutido, "espere Luísa dormir e aí a gente conversa".

 Moramos em um condomínio de prédios, com quatro torres. Uma mistura de gente, com vidas e pensamentos bem diferentes, mas que convivem num mesmo espaço e às vezes dividema  mesma churrasqueira.

Ontem, por volta das nove da noite, ouço uma gritaria. Dali à pouco um tabefe. Dali outro pouco algo se quebrando no chão. Um homem e uma mulher brigando. E uma criança berrando.
"nossa, sei quem são! e o filho deles tem a idade da Luíisa! meu deus, amor!"

E essa briga durou mais ou menos meia hora, com gritos, pedidos de socorro, chamem a polícia!, xingamentos no mais baixo nível, mais tapas e criança chorando desesperadamente.
Minha vontade era sumir! Chamar a polícia, o conselho tutelar ou o próprio diabo.
Não conseguiria nem ir lá buscar aquela criança, acho, de tanta pena e nojo, e desespero que EU estava sentindo dela. Meu marido não me deixou chamar a polícia. Ao mesmo tempo que ele é calmo do jeito que o descrevi, ele é frio o bastante para pensar que cada um tem o que merece e a criança é daqueles pais e que é um problema deles, "não se meta, Nanda!".

Por sorte minha filha estava dormindo já, e por sorte alguém chamou a polícia.
Levaram o cara, mas meu pensamento não sai daquele apartamento, imaginando como está hoje aquela criança, o que ela sentiu e o pavor com que ela dormiu, e se dormiu.
A mãe? Não sei. Não é a primeira vez que isso acontece, e aí tenho que concordar com meu marido no quesito "cada um tem o que merece". Mas a criança, meu Deus! Cadê o respeito por ela? Cadê a preocupação com o jeito que ela vai crescer e em que pessoa ela irá se transformar, e em como ela irá resolver os seus problemas?

Hoje eu estou realmente triste e assustada. Estou realmente sofrendo pelo filho do meu vizinho, que a esta hora do dia (uma hora da tarde), ninguém ainda deu as caras pra fora do apartamento e ninguém deu um pio sequer.

Depois disso tudo, só corri pro quarto da minha filha, dei um beijinho nela, naquela carinha tranquila, serena e tenho certeza que feliz. Feliz por ter uma mãe que, apesar de ter vontade de amassar o marido  bem amassadinho e jogá-lo no lixo de vez em quando, por ter um pai que deixa a maior bagunça pela casa quase sempre, se amam, se respeitam, e acima de tudo, respeitam o que tem de mais valioso na vida.

9 comentários:

  1. Ai, Fê! Poxa, fico arrasada com essas coisa também. Outro dia no shopping a mãe chamou a filha que não devia ter nem 5 anos de vaca.
    Quase caí pra trás. Uma senhora que estava perto repreendeu a mãe de uma forma tão veemente que a mulher até pediu desculpas, ao que ouviu da senhora "não é a mim que você deve desculpas. É à sua filha."
    Espero que o filho do seu vizinho tenha memória curta. difícil, mas espero!
    bjs

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  2. Oi Fernanda, nossa é de doer o coração, né! Minha comadre me disse uma vez que a partir do momento que você vira mãe, passa a ser mãe de todo mundo e isso as vezes dói, né.
    Beijo,
    Teca
    http://esperademanuela.blogspot.com/

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  3. Olá, Fernanda!
    Estava navegando e cheguei ao seu blog pela primeira vez e já me identifiquei de cara.
    Eu também sofro pela filha da vizinha, mas sabe o que é pior? A vizinha está grávida de novo. Quando eu soube, só pude lamentar.
    Realmente a maternidade nos faz melhorar, mas devemos estar sempre vigilantes porque estes pequenos prestam atenção em tudo.

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  4. Acho que vocês deveriam ter ligado para a polícia sim, pois se viram o ocorrido e não fizeram nada consentiram, saca? Sei lá, sei que na hora a gente não pensa, mas o melhor é sempre chamar a polícia e fim. Essa criança presenciando isso pode ter sérios problemas futuramente.

    Beijos
    www.parabeatriz.com

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  5. Fer, concordo com tudo aí, apenas discordo quando vc diz que cada um tem o que merece, insinuando que esta mulher vive nesta situação porque gosta. Se a gente não conhece a fundo, é difícil fazer julgamentos, Estudos comprovam que a violência contra a mulher é um caso muito complicado e exige de todos uma compreensão muito maior do que apenas dizer que a pessoa gosta de viver assim. É prejulgamento da nossa parte encarar as coisas de maneira tão simplista...
    Tem alguns sites bacanas pra ler sobre isso
    bj e desculpa se fui dura,mas é minha opinião...

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  6. Ma! Que fotos lindas! Que delícia, mas pena que não foi dessa vez que nos encontramos lá hein?
    Bom, quanto ao comentário, imagine! Você é livre para dar sua mais sincera opinião. O que não expliquei ali no post é que este casal TROCA tapas, sabe! Minha vizinha consegue ver do ap dela, o deles, e vê que ELA bate no marido, que ELA o enfrenta. Pelo que entedemos da discução de ontem, ELA deve ter traído ele, ou foi algo no computador, ou no telefone, sei lá, mas ELA quebra o maior pau com ele de igual pra igual. ela não é coitada não1 Por isso a minha indignação. Claro que se ela fosse uma vítima sofredora e frágil eu me comoveria com eal também sim, com certeza! Mas do jeito que as coisas são ali dentro, ela o encara e às vezes ela mesma puxa a briga. Coisa feia de se ouvir. Primeira vez que eles discutiram, ele gritava que apanhava dela e que estava cansado de apanhar e que ela só sabia bater, sabe...então é isso. Expliquei? Não consigo enxergá-la como vítima, e sim como farinha do mesmo saco!
    beijo beijo e comente sempre que quiser.

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  7. Que difícil ne Fe... Difícil mesmo imaginar a criança ali no meio, presenciando aquela cena entre os pais, sem entender nada. E pior, muitas vezes as crianças se sentem culpadas pelas brigas dos pais! E depois não conseguem dormir, tem pesadelos, ficam manhosas... Triste mesmo.
    Por outro lado, os pais precisam resolver isso. Precisam resolver pelo bem dos dois e da criança. Não cabe a ninguém resolver por eles, mas apenas torcer para que tenham essa consciência...
    beijos

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  8. Fe, agora entendi... ela tb provoca e vive a situação de igual pra igual... Bjoca

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  9. Não tem coisa que me entristece mais do que uma criança exposta à violência, isso é uma coisa que reflete na vida toda, muito triste mesmo,
    bjs

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