Há algum tempo atrás, quando a Lú ainda era um bebezinho, eu estava conversando com a Rô, e toquei num assunto que sempre me aterrorizou: os maus pensamentos. Sabe aquele tipo de pensamento horrível mesmo, do tipo, se minha filha morrer, se ela cair da janela do meu apartamento, se for atropelada, enfim, coisas incrivelmente ruins, que passavam pela minha cabeça, de uma "forma imaginária muito real".
Quando ela nasceu, morávamos em outro apartamento, e eu mal conseguia chegar perto da janela com ela, que já vinha o pensamento ruim na minha cabeça. Minha mente ia além daquele momento, e eu podia VER minha filha caindo da minha mão, se arrebentando no chão. Ou quando dava banho nela, imaginava ela escorregando da minha mão, se afogando. Pensamento pesado mesmo. E eu enxergava tudo isso e passava até mal. E isso me preocupava muito. Pensei se não seria o caso de procurar ajuda médica, psiquiátrica, porque não achava normal esse tipo de pensamento.
Lembro que a Rô escreveu num post dela que também tinha pensamentos parecidos, e que a única coisa que fazia era rezar. É isso Rô?
Com o tempo, a coisa amenizou um pouco. Conversando com meu marido, ele sugeriu que fizéssemos algumas sessões de acupuntura para que eu ficasse mais tranquila, menos ansiosa,e relaxasse mais. Foi ótimo, fiquei um bom tempo sem esses pensamentos.
Eis que um dia eles voltaram.
Aí tinha medo da Lú cair na escola, se estrupiar, quebrar perna, cabeça.
Medo que ela caísse na escada do meu apartamento e se machucasse, chorar de perder o fôlego.
Medo de muita coisa. Os pensamentos chegavam a ter possibilidades impossíveis de acontecer. Outros possíveis, do tipo sequestro, tortura. E todos envolvendo ela só, ou eu e ela.
Rezava pra que Deus mandasse todos esses pensamentos embora.
E escrevendo agora, vejo que esses pensamentos se tratam nada mais nada menos que MEDO!
A gente às vezes tem medo de não dar certo, de não dar conta. Porque sabemos que nossos filhos dependem de nós (na idade que Luísa tem hoje), e qualquer coisa que aconteça com eles, é culpa nossa, mães e pais. Pelo menos eu me sinto assim, com essa responsabilidade. Tô errada? Talvez sim, mas é o que sinto.
Medo de não conseguir protegê-los.
Acho que tem a ver também com a fase de insegurança de mãe. Neste caso, insegurança minha.
Sei que dou conta, sei que cuido bem e que protejo bem. Sei que procuro fazer sempre o melhor. Mas mesmo assim, será que o medo sempre vai existir?
Como disse pra Rô, e pra várias outras amigas, será que a vida inteira vamos ter medo assim?
Claro que sim, mas não pode ser doentio, a ponto de incomodar.
Eu não procurei ajuda médica, mas indico, e se precisasse, hoje procuraria. Porque esses pensamentos realmente atormentam a gente.
Hoje, não tenho mais tanto medo, mas tem dias que passa muita porcaria na minha cabeça. E aí, só rezo.
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